Depois das variadíssimas reclamações, por motivos de falta de espaço nos comentários a cadapost, chegadas aqui à redação do blogue, entendeu este requerer ao nosso prosaico bêtêtista J. Dinis o relato por escrito do nosso passeio de domingo passado.
Bom dia!
Incrédulo com o que havia lido no blog “…saimos de minha casa (casa do Rafa) às 6:00h, com destino a Ponte de Lima…”, encetei contacto móvel, com quem tem por hábito ser assíduo destes passeios organizados, na ânsia de ver confirmada a hora de partida, mas também na expectativa de haver algum lapso na escrita, ou mesmo na minha leitura. Obtida imediata e cabal réplica, qual não é o meu espanto e desespero quando vejo confirmada não só a hora e destino a seguir como também o entusiasmo que se havia gerado em torno de um bónus a quem conseguisse chegar a bom porto – o de Ponte de Lima – são e salvo, e ainda com a respiração controlada por forma a beneficiar de um gratuito pequeno almoço, no âmbito das comemorações do aniversário do colega Rafael (31 anos). Tudo isto a menos de 8 horas da partida!!!
Estes tipos devem pensar que tenho a minhas expensas algum nutricionista, fisioterapeuta, gasolineiro ou curandeiro hábil em tornar-me um “touro da terra batida” num tão curto espaço de tempo, e habilitar-me com pozinhos mágicos a fazer cerca de 130km em 05H30!!! (ops, pura ironia…).
ALVORADA!!! (05H20) Essencialmente no Verão, é muito interessante ouvir de minha casa os toques de clarim emanado do quartel militar, que dista cerca de 2km, se bem que há data deve ser uma gravação uma vez que o tipo nunca se engana numa nota... O acordar noctívago, gélido e com períodos de céu muito nublado, meteorologicamente falando, confirmado pelos chuviscos matutinos, iluminaram-me a (pouca) massa cerebral que sobejou depois de um recolher assombrado por uma terrível dor de cabeça (eu sei, coisas de mulheres, mas a culpa foi mesmo essa – feminilidades) e por uma curta noite de sono, levaram-me, novamente, a indagar da assertividade dos que haviam, heroicamente, confirmado prévia presença.
Pequeno-almoço possuído, entre dois ou três palavrões dirigidos aos que me fizessem tal façanha de não levar a efeito tão auspicioso passeio, entre um espirro e um arrepio, o caminho até ao ponto de partida foi feito a suplicar para não ser alvo de uma partida de carnaval.
PRESENÇAS: O aniversariante Rafael (que ao que parece foi agraciado com a bela expressão “não tens palha na cama” – imagine-se de quem?), o Lino e o Antonino, para além do signatário.
“Somos só nós?” na esperança de ver adensado o rol de “#”%’?!*&$”, contrariamente à vontade do aniversariante que alinhava mais no “quantos menos melhor” (e fez de tudo para que assim fosse – mais à frente se provará, ou não), pontualmente, foram marcando presenças o Zé Gomes, o J. Carneiro, os irmãos Zamith (não os Dalton nem os Metralha) e o Ruca, este último ao volante de um 4x4 onde, inteligentemente, se abrigou e deu guarida ao meio de locomoção, não fosse também apanhado na surpresa.
Nove (9)… nem mais!!! E o Rafael a ver, uma vez mais, o seu orçamento a ser apunhalado, não fossem já suficientes as medidas do PEC I e PEC II, abrupta e recentemente impostas, e as do PEC III que a breve trecho mais sufoco provocarão.
PERCURSO: Com destino previsto para Ponte de Lima, eis se não que, a excursão de famintos é compelida (o Lino é o ÚNICO e EXCLUSIVO culpado) a enveredar pelos Caminhos de Santiago que se iniciariam, calcule-se, em Rates! Ou seja, à TUGA, para se ir a Fátima convém passar por Vilar Formoso. De resto, apalpando terreno sob um luar, por si só, motivador e acompanhados por um fumador compulsivo, onde a “beata” teimou em apagar-se, para além dos sempre interessantes trilhos que as setas amarelas nos proporcionam, averbo as diversas tentativas de fuga do aniversariante fazendo jus ao que havia peticionado “Só tem direito quem vier e quem chegar ao fim!!!”. Ou acelerava para ver quem desistia, ora, astutamente, se deixava descair a ver se escondia no breu da noite. Até camuflado com uma bicicleta emprestada apareceu (houve mesmo quem afirmasse que era para penhorar caso o fundo maneio não fosse suficiente).
Pelo meio uma breve paragem numa padaria no centro de Barcelos, para alternar na ingestão de barras de cereais e líquidos com rótulos menos legíveis (ops, outra vez?!), com um café e um miminho. E, de percalços, apenas a assinalar uma avaria na máquina (entenda-se binómio alumínio-carbono) do Ricardo prontamente resolvida, com recurso ao famigerado alicate do Daniel - um dia se ele falta…
REPASTO: “ELE PAGA, como tal quem paga manda.” Com mais ou menos dificuldade o contingente chegou completo, para desalento do homem da algibeira. Rojões, moelas, francesinhas e até Moët & Chandon bradaram das vozes sequiosas e estafadas numa esplanada de café – talvez fosse o delírio ou a comoção do momento.
Com direito a bolo (somítico) e vela de aniversário, ecoaram cantos de parabéns, com direito a registo áudio para a posteridade, que se agradece, encarecidamente, seja apenso para elucidar os incrédulos.
REGRESSO: O conta-voltinhas marcava cerca de 65 km, logo, adivinhava-se que por menos de 60 km não estaríamos de regresso aos lares… O que há partida (pela segunda vez) parecia acessível tarefa, árdua se tornou com o grupo rapidamente a desmembrar-se ainda em plena ciclovia. Acalmadas e reunidas as hostes, chegou-se rapidamente a Viana. Com o grupo novamente fragmentado, dado que a hora de reunir a família à mesa se apressava em passos longos e rápidos (e porque, em final de época, já se socorrem dos créditos de 2011), motivos pelos quais não foi perceptível para todos, uma avaria (furo) na bicicleta do Lino (não a do Noddy) fê-lo, irremediavelmente, já depois de gastas duas câmaras de ar, pedir assistência familiar.
Cerca das 12H30 foi completo o percurso, mais uma vez, em irrepreensível companhia, ponteado com doses calibradas de excessos, na certeza que o próximo aniversariante deverá ponderar muito bem o anúncio de tal celebração, com prejuízo de ver saciadas as panças destes atletas - cogitem se os festejos coincidissem com um passeio nocturno…
Cumprimentos e até breve, muito breve..