"…só apetece mesmo dizer, para quem não foi, “fosses, nem sabes o que perdes-te!!!”.
Pois bem. Se a cada passeio ou saída comemorativa de algo mais ou menos assinalável existe sempre muito para contar e registar – quer sejam pelos percursos, pelas dificuldades, pela natureza, pelos contratempos e avarias, pelas quedas, tombos ou lesões, ou mesmo pelo prazer da companhia – do evento identificado em epígrafe resulta uma questão que a muitos indignará, a outros pesará na consciência e a muitos mais incutirá o desejo de visitarem a seguinte página e efectuarem a inscrição no próximo evento: http://www.transmixoes.pt.vu/.
Mas quem será o pai da criança? Ops, não era isto, mas sim: Como é possível tudo isto por 5,00 €?
O Póvoa BTT esteve lá, em Mondim de Basto, e fomos unânimes em que, um dia a breve trecho, lá regressaremos para percorrer tão belos trilhos e paisagens!
O dia amanheceu com muito sol, embora com um vento muito gélido e não fosse o timoneiro enveredar, ainda ao volante das viaturas automóveis, alguns kms em direcção a Cabeceiras de Basto, em vez de Mondim de Basto, e estava a ver que as coisas não aqueciam!!!
Desenganem-se os que ainda pensam que apenas a Póvoa, ou a costa litoral norte, é que é assolada por “nortadas”. E pese embora a temperatura fosse, quase sempre, superior aos 24ºC, o certo é que muitos alinharam à partida com roupa, ainda, de inverno.
A altimetria, coadjuvada com os GPS, não enganava! Havia que subir, escalar algumas vezes, o Monte Farinha, mormente apelidado de Sra. da Graça. Se por estrada alcatroada se percorrem longos e duríssimos 7 kms, que alguns outros participantes optaram, desta feita havia que cursar por estradões, Geiras Romanas, trilhos e algum asfalto nas extremidades durante mais de 11 kms!
Reconfortante e retemperador para as vistas e mais ainda para os estômagos dos menos incautos, esperava-nos deslumbrantes panoramas e uma degustação do produto que daria nome ao passeio – o Mel!
MONTE FARINHA – SRA. DA GRAÇA – prova de mel com broa
MONTE FARINHA – SRA. DA GRAÇA – foto de família
Ultrapassada a primeira grande dificuldade do dia, havia então que fazer parte da subida, em sentido exactamente contrário, por forma a enveredar-mos por paisagens que as fotos seguintes descrevem…
Depois, quando nada previa que assim fosse e volvidos que estavam cerca de 25 km, o grupo foi forçado a parar na sede da Junta de Freguesia de Bilhó… e ainda com saldo dos mesmos 5,00€ de inscrição foi servido o almoço…
JUNTA DE FREGUESIA DE BILHÓ - almoço
Assim, com os reforços alimentares que havíamos carregado nos bolsos praticamente intocáveis, e “empurrados” para fora da sede da Junta, uma vez que havia pessoal que queria desde logo esgotar o saldo da inscrição, “botamos” pés ao caminho em direcção ao tão falado, mesmo antes da partida, single track junto à levada que nos conduziria às Fisgas!
E para provar que o Club tem os seus créditos bem cotados, houve mesmo quem se “colasse”, por muitos kms aos 2 GPS que transportávamos mesmo depois de vários avisos que a malta tinha cumprido a 4.ª classe à noite!
Pelo meio, e como estamos na zona do país mais hospitaleira, não só de fama mas com certeza de verdade, muitos houve que foram obrigados a provar vinho tinto dos habitantes locais quase directamente da uva, tal era o odor que emanava das canecas de cerâmica: “A senhora se vai oferecer vinho a esta gente toda vai ficar sem nada! Tenho 5 000 litros de vinho, e já que não o consigo vender, ofereço-o!!!”.
Assinala-se também a célere resposta que obtivemos por parte da organização, quando a cerca de 3 kms do ponto de chegada o aperto da roda traseira de uma das Lapierre’s (fraquinhas) cedeu obrigando bicicleta e ciclista a serem transportados com recurso a uma carrinha - 5 estrelas!!!
Por fim, foi disponibilizado pelos mesmos 5,00€ banhos e almoço, apenas atribulados face a um ajuntamento de rodas finas que, coincidentemente, tinham desfecho em lugar comum.
Pelo muito que foi percorrido, pelas imagens vivas propiciadas, pelo rácio custo-benefício, pelo esforço dos habitantes locais em fazer-nos sentir em casa e muito por culpa da companhia de quem marcou presença, agradece-se a dedicação, o empenho e a vontade de quem, a título gratuito, teima em levar a bom porto estes eventos!
Obrigado e até breve, muito breve…"
O Cronista