Isto merece ser divulgado na primeira página..
Meu Querido Pai Natal,
Todos os anos te escrevo uma cartinha (pequenina, cerca de 4 500 caracteres) onde, após descrever algumas das boas acções que tive o cuidado de executar durante todo o longo ano (e omitindo, deliberadamente, todas as outras, que são em maior número e nível de gravidade...), tomo a liberdade de enumerar todos os presentes que mereço receber. Até à data, mesmo depois de ultrapassar a escolaridade mínima, de vencer a “maior idade” e de já ter um dente do siso (popularmente "Dente do Juízo"), nunca falhas-te e sempre fui presenteado com a tua imensa gratidão!!!
Normalmente, termino, com alguns pedidos que extrapolam a definição pessoal como sejam:
- paz em todo o mundo (coitados dos militares, dos agentes funerários e dos coveiros, ficariam sem funções profissionais);
- que acabe a fome nos países de terceiro mundo (esfumavam-se os bancos alimentares, as comissões da Cruz Vermelha, a generosidade do povo e eliminava-se o Campo 901 do Quadro 9 do Anexo H - Benefícios Fiscais e Deduções - da Declaração de IRS);
- que as intempéries sejam minimizadas (António Guterres - Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados seria relegado para o desemprego e já não precisávamos mais das preciosas informações do Prof. Anthímio de Azevedo, que toda a classe piscatória sempre contradiz…);
- saúde para toda a minha família e amigos (a classe médica não gosta muito desta parte, embora as entidades patronais e as companhias de seguro muito agradeçam!).
Porém, particularmente este ano, para além dos brinquedos que ainda me sinto hábil em manusear (talvez uma nova bicicleta de BTT que esta já me está a causar #&%”?#!…), da literatura internacional que me mantém actualizado (mormente, toda a edição de Revistas da Playboy de 2010 e a anuidade já liquidada para 2011, em conjunto com a mais recente publicação do calendário da Pirelli www.pirellical.com) e da enorme quantidade de vestuário com que sempre sou agraciado (dois lotes de uma dúzia de meias da “raquete” e quatro caixinhas com “slipes”, mas atenção da Abanderado!!!) gostaria de alargar o âmbito dos pedidos e, na medida do possível (e já agora do impossível), muito grato ficaria se pudesses contemplar alguns dos meus colegas com o seguinte:
- Palha! Muita mesmo. Não para comerem porque são meus amigos e amigos não se tratam assim. Apenas para colocarem na cama porque estes tipos não a devem ter com certeza – com saídas programadas para as 06H20, no inverno, com previsões de 5º de temperatura… e o pior é que já não é a primeira vez e não há meio de se descartarem, até registam o lamento de não poderem marcar presença…
- GPS + Catana. Há um tipo que deve ter estagiado numa das equipas do Jaques Costeau ou do Sir David Atenbourough, e ainda deve manusear o astrolábio tais são os contratempos e os arranhões que, resolutamente, provoca à malta.
- Um alicate igual ao dos manos, pois aquilo tem tudo. Até abre cápsulas ou saca-rolhas… pois se não eles não o carregavam às costas, certamente…
- Créditos familiares. Embora as “caras metade” sejam benevolentes, tolerantes e muito compreensivas, no final das épocas, denotam-se muitas ausências e os colegas apresentam muitas lamúrias nas zonas das costas (talvez porque os cabos de vassoura ou das “swiffer’s” lhes passem muito contíguos) e, ultimamente, nos dedos indicador e polegar (aqui compreendo porque atravessamos a época de “lanhar” castanhas e é imperioso que se bajule, também, as sogrinhas, afinal sempre são mães duas vezes e os almoços domingueiros exigem-se esmerados) …
- Rodinhas laterais. Ops…
- Suplementos alimentares (Cerelac, Nestum mel, marmelada). Para os colegas da Liga dos Últimos que, modestamente, tenho dificuldade em identificar e assim passaríamos a ter uma “Champions”. Dos outros suplementos (“vocês sabem do que estou a falar”) não recomendo embora os incumpridores continuem de alma e coração erguidos e impunes a qualquer legislação ou mesmo códigos de ética e de conduta…
Tudo isto, no momento, é o que me apraz exigir para que possa iniciar uma nova época com esta malta, imbuído, também, do espírito do pouco juízo que a todos contagia…
P.S.: se exequível agradeço a entrega no primeiro segundo de 25 de Dezembro próximo.
Muito obrigado e até para o ano!”
Mesmo assim, farei todos os possíveis e ultrapassarei todos os imprevistos para marcar presença em autonomia, reivindicando que o possível cancelamento seja devida e tempestivamente comunicado, embora não me pareça que vá suceder-se.
Cumprimentos,
J. Dinis.